terça-feira, 9 de outubro de 2012

“A TV REFLETE A PMERJ” A Preferência da Tropa na Audiência do Telejornal da Tarde


“Compreender a televisão significa nos compreendermos como sociedade, nos olharmos
como cidadãos, nos pensarmos como público.”

(Omar Rincón)



INTRODUÇÃO
              

Este trabalho foi motivado pela curiosidade em compreender os hábitos da tropa da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro em relação à preferência na audiência dos telejornais exibidos à tarde nos canais abertos de televisão. Igualmente curioso e importante é entender, também, a necessidade dos homens e mulheres que compõem as fileiras da bicentenária instituição em ter uma voz reivindicadora perante a opinião pública, uma vez que a corporação é fundamentada nos moldes do militarismo, ou seja, da disciplina e hierarquia, onde predomina e prevalece a vontade do mais graduado, ficando desta forma os componentes de menor patente da instituição, que são a maioria, sem terem um representante/porta-voz para reivindicar suas demandas, como melhores condições de trabalho e salários dignos.

Este objeto foi despertado em abril de 2010, a partir da minha experiência pessoal durante estágio de jornalismo na Coordenadoria de Comunicação Social da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (CComSoc), quando surgiu a necessidade de se produzir um vídeo institucional sobre “Prevenção ao Desvio de Conduta”¹, produto encomendado à CComSoc pelo Centro de Capacitação em Programas de Prevenção (CCPP), pelo então Tenente-Coronel Nélio Campos, e direcionado ao público interno.  O vídeo institucional deveria, a princípio, ser exibido durante o almoço nos aparelhos de televisão dos refeitórios das unidades operacionais (quartéis), e tinha como principal objetivo evitar que policiais militares viessem a se envolver em crimes de desvio de conduta, como corrupção, por exemplo. Após algumas semanas de pesquisa e bastante trabalho, já com o vídeo pronto, passamos para a segunda fase que seria a exibição do vídeo nas televisões dos refeitórios, mas já nas primeiras tentativas de execução do projeto, nos deparamos com um problema, a não aceitação da exibição da mídia no horário do almoço, pois a maioria da tropa presente preferia assistir ao programa “Balanço Geral”, apresentado por Wagner Montes.

¹ Cf. figura 4 e 5.
Tivemos que buscar uma alternativa para o problema, a solução encontrada foi reunir os PMs nos auditórios das unidades policiais e exibir o vídeo durante o intervalo da rendição dos turnos.
Entre nossos objetivos propomo-nos entender e responder questões como: Atualmente qual é a preferência da tropa na audiência do telejornal da tarde? Qual é a preferência de audiência dos policiais nos seus dias de folga? A tropa da polícia militar se sente representada pelo apresentador Wagner Montes? Seria Wagner Montes, enquanto apresentador do programa “Balanço Geral”, autêntico ou um personagem? 
Não podia deixar de citar que durante os meses de estágio, tive a oportunidade de perceber algo muito peculiar que acontecia com a imagem da corporação, que raramente se vê em outra instituição. É do conhecimento de todo profissional de comunicação que o assunto “polícia” sempre é notícia, mas observei que em curto espaço de tempo a imagem institucional da Polícia Militar variava nas mídias da vergonha para a glória e vice-versa. observei também que este fenômeno refletia diretamente no moral da tropa e consecutivamente no tratamento deles com o cidadão. Para recordar e ilustrar meu comentário, quando comecei este trabalho por volta do segundo semestre de 2010, a instituição estava com sua imagem abalada perante a opinião pública e principalmente depois da derrubada do helicóptero da corporação em outubro de 2010 que resultou na morte trágica de três tripulantes queimados e outros três feridos. Nessa época eram comuns noticiários de homicídios de policiais vítimas de criminosos, que os perseguiam em suas folgas como caças ou até mesmo em pleno patrulhamento para saquearem suas armas. Esses fatos eram extremamente humilhantes para a tropa a ponto de deixá-los com vergonha de dizerem que eram PMs. Outro fato que vivenciei durante a realização deste trabalho foi a retomada da área do Complexo do Alemão, em novembro do mesmo ano e que facilmente se detectava que aquela ação elevou o moral da tropa, refletiu positivamente na opinião pública e consecutivamente nos índices de criminalidade divulgados pela Secretaria da Segurança Pública. Durante este período pude perceber muitos policiais sorridentes e orgulhosos de envergarem suas fardas, o que se repetiu inúmeras vezes em outras ocupações que passaram a receber cenário de espetáculo pela grande mídia, a ponto de terem dia e hora marcada para começar.
Um dos picos de imagem positiva, ironicamente, foi alcançado em um cenário macabro e surreal. Treze alunos de rede municipal de ensino foram friamente assassinados dentro de uma escola em Realengo, zona Oeste do Rio. O assassino das crianças foi abatido ainda dentro da escola pelo Sargento Márcio Alves, que ao deixar o local foi freneticamente ovacionado pelos milhares de populares e profissionais da imprensa que se aglomeravam ao redor do estabelecimento de ensino. O Sargento Alves deixou o local ao som de gritos de: Nosso herói!
Essa polarização se deu até a conclusão deste trabalho, ainda nessa espécie de roleta de sensações e sentimentos antagônicos, a imagem da instituição era uma das piores possíveis, pois policiais tinham sido presos, acusados de executarem com 21 tiros a Juíza de Direito Patrícia Acioli e entre os presos estava o comandante do batalhão, ao qual eram subordinados os PMs , acusado de ser o mandante de um crime, nunca antes registrado na história do Estado do Rio de Janeiro e que resultou numa das piores crises de imagem da Corporação, mas que logo foi revertida com a prisão do traficante Nem, a ocupação da Rocinha e a população local aplaudindo a ação dos policiais.
Apesar de tentar estabelecer e manter um Programa de Prevenção ao Desvio de Conduta Policial Militar, a PMERJ ainda não tem uma estratégia de comunicação colocada em prática para prevenir, amenizar ou reverter essa agressão a imagem da instituição, tão prejudicial à tropa perante a opinião pública. O setor de comunicação assiste, praticamente, passivo essa alternância de notícias e quando se vê diante de uma crise, se limita a responder as demandas da mídia quando solicitadas à sua assessoria de imprensa, que é formada por alguns poucos profissionais terceirizados. Surpreendentemente a PMERJ não possui Oficiais com a especialização de Comunicador Social, diferentemente das instituições militares co-irmãs ao qual se espelha, ficando assim a comunicação institucional unilateral e descendente. Não existe comunicação horizontal, nem ascendente, o que abre espaço para boatos e um clima institucional, às vezes, muito ruim.
Durante a realização da pesquisa, conversando com o PM Fábio Teixeira, que também é graduado em História e pós-graduado em Segurança e Cidadania, me deparei com um achado muito importante, que foi a tese de mestrado da Drª Jacqueline Muniz.
Para facilitar a compreensão do nosso estudo, este trabalho foi dividido em três capítulos. No primeiro capítulo foi feito um breve resumo histórico da corporação e uma contextualização do atual cenário político e social vivido pelo policial militar, principalmente as Praças que são a categoria de maior contingente e os menos graduados, logo os que têm menos privilégios na instituição e maior necessidade de uma representação perante a opinião pública. Esta contextualização é feita com um olhar de dentro para fora da instituição, pois é fundamentada nas respostas das pesquisas feitas com Soldados, Cabos e Sargentos da Corporação e tendo como base teórica a pesquisa publicada no livro “Missão Prevenir e Proteger” de Maria Cecília de Souza Minayo. “et al” e dois estudos realizados pela Drª Jaqueline Muniz .
No segundo capítulo, no processo de tentar identificar a preferência de audiência dos integrantes da Polícia Militar e se existe uma possibilidade desses homens enxergarem em Wagner Montes um representante perante a opinião pública, recorremos à pesquisa quantitativa com Soldados, Cabos e Sargentos da Corporação.
Por último, no terceiro capítulo, nosso objeto de análise é o modelo de apresentação do programa que despertou o interesse por este trabalho, Balanço Geral, e as técnicas utilizadas pela equipe de produção na disputa pela audiência.
Também consultamos à pesquisa bibliográfica específica no que se refere à avaliação do formato do programa Balanço Geral e nas técnicas de discurso do apresentador Wagner Montes. Serão alvo de detalhamento na fundamentação teórica textos de Jesús Martin Barbero, Muniz Sodré e Raquel Paiva.
Apesar da PMERJ possuir, aproximadamente, 40 mil policiais e atuar em todo o Estado do Rio de Janeiro, este estudo ficou restrito a 40 policiais lotados em unidades do Município do Rio de Janeiro. Os principais critérios utilizados para seleção dos entrevistados foram: 1º que sejam praças (Soldados, Cabos ou Sargentos), 2º que suas unidades policiais possuam aparelhos de televisão em seus refeitórios, alojamento, seção ou recepção, 3º que assistissem, ainda que eventualmente, a um dos três telejornais exibidos durante a tarde e abordados neste estudo (Balanço Geral, RJTV ou SBT Rio).
Por último se faz necessário esclarecer que as palavras: Soldado(s), Cabo(s) e Sargento(s), foram grifadas com iniciais maiúsculas intencionalmente em homenagem às Praças. O motivo é simples, pois ainda durante o estágio na CComSoc, uma das minhas atribuições era alimentar o site da instituição com notas que fossem do interesse do policial militar, como cursos de ascensão na carreira ou qualificação profissional, benefícios aos dependentes ou convênios. Essas notas eram extraídas do boletim interno da PM (Bol PM) e transcritas no site com um texto jornalístico apropriado para a mídia eletrônica. Durante uma coleta de dados no Bol PM, percebi que os cargos de Oficiais eram iniciados com letras maiúsculas e das Praças escritos com letras minúsculas. Imediatamente procurei a Tenente Marlisa, Oficial responsável pela assessoria de comunicação na ocasião, e fiz o alerta sobre aquele erro discriminatório. Após constatar o fato, ficou decidido, por ela, que todos os cargos seriam transcritos com iniciais maiúsculas, apesar das normas jornalísticas estabelecerem que convenha serem escritos com minúsculas. 

1. A CORPORAÇÃO

“Nós vivemos uma crise de identidade. Nós, policiais, nos olhamos no espelho e não enxergamos a nossa farda. Ainda vemos o fantasma verde-oliva (...) Afinal, o que nós queremos ser?” - PM aposentado - (MUNIZ, 2001, pág 177)

O principal objeto de análise neste capítulo é entender o atual cenário vivido pelo policial militar, através de um breve relato histórico, e a necessidade que esses homens sentem de uma representação na mídia e perante a sociedade.
            A PM, jargão jornalístico como é mais usado na imprensa para se referir à corporação ou aos seus componentes, completou 200 anos[1] no dia 13 de maio de 2009. O marco inicial da sua história foi o desembarque da Corte Real no porto do Rio de Janeiro, fato que provocou grande impacto no cotidiano da cidade que, passou a ser a capital do Império Português, elevando subitamente a população local para cerca de 60 mil pessoas em 1808[2].
Na época o Rio de Janeiro, segundo Affonso de Carvalho, era uma cidade “infecta e suja, anti-higiênica e mal cheirosa, com escuridão nos becos cheios de cotovelos e senzalas negras de escravos (...) A cidade mais parecia um desembarcadouro africano que uma colônia na América ...” (CARVALHO,1991, p. 48).
Com o cenário de insegurança, da época, descrito por Carvalho, em 13 de maio de 1809 o Príncipe Regente D. João assinou o decreto de criação da Divisão Militar da Guarda Real de Polícia:
“Sendo de absoluta necessidade prover a segurança e tranqüilidade pública desta Cidade, cuja população e tráfico têm crescido consideravelmente e se aumentará todos os dias pela afluência de negócios inseparável das grandes Capitais; e havendo mostrado a experiência que o estabelecimento de uma Guarda Militar é o mais próprio não só para aquele fim da boa ordem e sossego público, mas ainda para obstar às danosas especulações do contrabando, que nenhuma outra providencia, nem as mais rigorosas leis proibitivas, têm conseguido coibir. Sou servido criar uma Divisão Militar da Guarda Real de Polícia desta Corte, com a possível semelhança daquela que com tão reconhecidas vantagens estabeleci em Lisboa, a qual se organizará na conformidade do Plano, que com este baixa, assinado pelo Conde de Linhares, do meu Conselho de Estado, Ministro e Secretário de Estado, dos Negócios Estrangeiros, e da Guerra. O Conselho Supremo Militar assim o tenha entendido e o faça executar na parte que lhe toca. Palácio do Rio de Janeiro, em 13 de maio de 1809. Com a rubrica do Príncipe Regente Nosso Senhor” (Arquivo Histórico da Guarda Nacional Republicana de Portugal. Lisboa[3]).


Um dos maiores ícones da corporação foi o Major Miguel Nunes Vidigal, comumente conhecido como Major Vidigal, que em 23 de abril de 1821 assume o Comando da Corporação e nele permanece até 12 de outubro de 1824.
Vidigal destacou-se por ser o terror dos capoeiras e delinqüentes de todas as espécies:

“Sua fama baseou-se no terror e na brutalidade que imprimia aos participantes de batuques que ocorriam nos arredores da cidade, batendo e prendendo indiscriminadamente os participantes de tais reuniões, sem qualquer formalidade legal. Da mesma forma eram tratados os vadios, ociosos, quilombolas e capoeiras que cruzavam seu caminhos” (HOLLOWAY, 1997, p. 51).
           

Pode-se perceber que desde suas raízes a corporação e seus membros se notabilizavam por acometimento de truculências e irregularidades, conforme relato de Holloway, mas também desde sua criação, a PM esteve envolvida com relevantes eventos para a consolidação da nação e não é exagero afirmar que a história da instituição se confunde com a história da criação do Estado-Nacional brasileiro.
Um dos fatos históricos mais marcantes na trajetória da Corporação foi a Guerra do Paraguai, também conhecida como Guerra da Tríplice Aliança. A campanha do Paraguai foi o maior conflito armado ocorrido na América do Sul, envolvendo além do Brasil, a Argentina e o Uruguai contra a República do Paraguai entre os anos de 1864 a 1870. Em 13 de dezembro de 1864 o então ditador paraguaio, Francisco Solano López, declarou guerra contra o Império do Brasil, os Corpos Policiais brasileiros se viram diante de uma árdua missão, atender a convocava dos Voluntários da Pátria que levou o Império do Brasil a apelar para o sentimento de patriotismo da nação para a guerra, devido à dificuldade de mobilização de Guardas Nacionais, e devido ao pequeno e despreparado Exército do Brasil, diversos corpos policiais foram transformados em corpos de Voluntários da Pátria. “Foi uma guerra suja, travada em pântanos e alagadiços, lutada por escravos libertos, índios, mestiços, “voluntários” e até por mulheres, crianças e velhos.” (BUENO, 1999, pág. 137)
 Segundo o General Paulo de Queiroz Duarte, “nada menos de treze Polícias Militares provinciais, além do Corpo de Polícia da Corte, concorreram com seus efetivos para o esforço de guerra feito pela Nação Brasileira” (DUARTE, 1982, p. 221).
Atualmente a Corporação vive uma crise de identidade. Desde o mais remoto emprego como tropa de infantaria na Guerra do Paraguai, até o uso mais contemporâneo da PM como instrumento de repressão do Regime Militar, “existem boas razões históricas para acreditar na crise de identidade...” (MUNIZ, 1999, pág.71).
De acordo com a socióloga Jaqueline Muniz “Por um lado cabe destacar o período de 160 anos que a PMERJ ficou subordinada aos oficiais do exército.” (MUNIZ, 1999, pág.12). Ou seja, dos atuais 202 anos de criação da instituição, durante 160 anos os PMs foram comandados por oficiais do Exército Brasileiro. Tropas treinadas para a segurança do território nacional, voltadas para a guerra e o confronto armado direto com o inimigo, onde a obediência é cega e hierárquica. Diferentemente da função de polícia que é de segurança pública, ação muito mais complexa que visa à garantia da cidadania e a preservação dos direitos humanos.
“Em verdade, a proximidade das PMs com os meios de força combatente, sobretudo após a criação do estado republicano, não se restringiu apenas à adoção do sobrenome "Militar". Elas nasceram, em 1809, como organizações paramilitares subordinadas simultaneamente aos Ministérios da Guerra e da Justiça portugueses, e gradativamente sua estrutura burocrática foi tornando-se idêntica a do Exército brasileiro. Até hoje, o modelo militar de organização profissional tem servido como inspiração para maior parte das Polícias Militares. Assim como no Exército Brasileiro, as PMs possuem Estado Maior, Cadeia de comando, Batalhões, Regimentos, Companhias, Destacamentos, Tropas, etc. Seus profissionais não fazem uso de uniformes como os agentes ostensivos das recém - criadas Guardas Municipais; eles utilizam “fardas” bastante assemelhadas aos trajes de combate dos militares regulares. Nestas fardas estão fixados diversos apetrechos, como uma tarja com o “nome de guerra”, as divisas correspondentes aos graus hierárquicos e outras insígnias referentes à trajetória institucional do policial.” (MUNIZ, 2001, pág.179).


É justamente neste clima de crise de identidade, entre Força Policial ou Tropa de Infantaria, que vive o policial militar. Em um vídeo postado no YOU TUBE (Cf.http://www.youtube.com/watch?v=cJDXEs41eGM), alunos do Curso de Formação e Aperfeiçoamento de Praças de 2006 (CFAP/PMERJ), cantam inocentemente dentro do alojamento a “Canção da Infantaria”, que é ensinada a todos os alunos do curso de formação de policiais e normalmente executada pela Banda da Companhia de músicos da PM em solenidades militares. Pode-se observar que na letra da Canção da Infantaria os PMs declaram:

“Nós somos estes infantes/Cujos peitos amantes/Nunca temem lutar;/Vivemos,/Morremos,/Para o Brasil nos consagrar!/Nós, peitos nunca vencidos/De valor desmedidos,/No fragor da disputa/Mostremos/Que em nossa Pátria temos/Valor imenso/No intenso da luta./És a nobre Infantaria,/Das armas a rainha,/Por ti daria/A vida minha, e a glória prometida,/Nos campos de batalha,/Está contigo/Ante o inimigo/Pelo fogo da metralha!/És a eterna majestade/Das linhas combatentes,/És a entidade,/
Dos mais valentes/Quando o fogo da vitória/Marca nossa alegria/Eu cantarei,/Eu gritarei:/És a nobre Infantaria!/Brasil, te darei com amor,/Toda a seiva e vigor,/Que em meu peito se encerra,/Fuzil!/Servil!/Meu nobre amigo para guerra!/Ó meu amado pendão,/Sagrado pavilhão,/Que a glória conduz!/Com luz/Sublime/Amor se exprime/Se do alto me falas,/Todo roto por balas!” (Cf. http://www.esa.ensino.eb.br/cursos/infantaria/cancao.asp)


No dicionário etimológico de Antônio Geraldo da Cunha a palavra infante vem “do latim infãs-antis ‘que não fala, infantil’.” (DA CUNHA, 1982, pág.435). Logo o combatente da infantaria, ou infante, é assim chamado, pois é aquele a quem não é dado o direito da fala porque não tem o direito de réplica.
Isso se reflete principalmente entre os menos graduados da corporação, ou seja, as praças que são os soldados, cabos e sargentos, que na sua grande maioria são os profissionais que estão em contato direto com a população e os responsáveis por executar o policiamento ostensivo, mas os mais oprimidos em seu direito de reivindicarem suas necessidades como melhores condições de trabalho ou denunciarem arbitrariedades na Corporação, sem com isso sofrerem sansões punitivas dos superiores hierárquicos, no caso os oficiais que são os responsáveis pela gestão da Corporação.

“A jornada de trabalho do policial militar se inicia com a leitura da ordem do dia, rito matinal realizado no interior das unidades. Silenciosos e em forma, esses profissionais ouvem a divulgação de suas escalas de serviço e advertências. Recebem orientação para a ação específica e são lembrados do modo como devem atender aos cidadãos, (...). Essa ordem do dia constitui-se de discursos estruturados de forma unilateral e hierárquica. Seu pronunciamento reafirma normas disciplinares e impede que os policiais das patentes mais baixas discutam, de maneira franca e aberta, questões concretas que lhes dizem respeito, como é o caso de dificuldades no cumprimento das ordens, problemas encontrados nas rondas com seus equipamentos e em outras situações.” (MINAYO, 2008, pág.117).



É importante observar no trecho do texto descritivo da socióloga Maria Cecília de Souza Minayo, sobre a jornada de trabalho do PM, que esses profissionais ouvem, silenciosos e em forma, esses discursos, estruturados de forma unilateral e hierárquicos, que impede os PMs de patentes mais baixas, logo as praças, de terem direito a réplica ou a fala para expor dificuldades na execução do serviço de policiamento ostensivo, daí a necessidade que esses homens sentem de uma representação na mídia e perante a sociedade, de forma que não sofram sanções disciplinares. “Há hoje no Brasil, um consenso quanto à necessidade de se promover mudanças substantivas no nosso atual sistema de segurança pública.” (MUNIZ. 2001. pág. 177)


2. A PESQUISA

A pesquisa surgiu da necessidade de investir na coleta de informações sobre as preferências de audiência dos telejornais, edição da tarde, de um segmento de policiais militares do Estado do Rio de Janeiro, no caso as praças, durante seus dias de serviço e também nos dias de folga. O questionário da pesquisa também foi elaborado de forma a tentar avaliar se houve uma possível migração de audiência durante os dois últimos anos.
A opção do segmento escolhido, as praças, que são os Soldados, Cabos e Sargentos, foi feita pelo fato de ser a maioria do efetivo que compõe a corporação e também de ser a categoria que executa a parte técnica/operacional do serviço de policiamento ostensivo. Profissionais que estão em contato com a população no dia a dia e justamente a categoria mais oprimida no direito a reivindicar melhores condições de trabalho, de acordo com exposição feita no capítulo 1.
Os telejornais que compõem as opções oferecidas no questionário fechado, proposto aos policiais militares pesquisados, são: Balanço Geral, veiculado pela Record, com início previsto para as 12h e término às 14h30min. O RJTV, exibido pela Rede Globo, com início também às 12h e término previsto para as 12h50min. Por último, o SBT RIO, veiculado pelo SBT, com início às 11h50min e término previsto às 12h50min. O critério de opção dos telejornais se deu pelo fato de serem todos os três produzidos com foco do noticiário voltado para o Estado do Rio de Janeiro, exibidos em canal de televisão aberto e quase que simultaneamente. Salvo algum problema técnico ou mudança repentina na grade de programação, pode-se constatar que no período compreendido entre 12h00 e 12h45min, os três telejornais estão sendo exibidos simultaneamente pelas suas respectivas emissoras, ficando o telespectador, alvo deste estudo, tendo que optar por um deles. O critério de disposição de opções de respostas no questionário da pesquisa foi o de ordem alfabética, da esquerda para a direita, ficando da seguinte forma[4]:
Balanço Geral/ Rede Record(   )          RJ TV/ Rede Globo(   )          SBT RIO/ SBT(   )

O questionário da pesquisa foi montado com a finalidade de tentar fornecer dados estatísticos que dessem embasamento para serem respondidos os principais questionamentos propostos por este estudo.
Entre nossos objetivos propomo-nos entender e responder questões como: Atualmente qual é a preferência da tropa na audiência do telejornal da tarde? Qual é a preferência de audiência dos policiais nos seus dias de folga? A tropa da polícia militar se sente representada pelo apresentador Wagner Montes? Seria Wagner Montes, enquanto apresentador do programa “Balanço Geral”, autêntico ou um personagem? 
Algumas questões derivadas surgiram no decorrer da elaboração do questionário, como por exemplo: Se houve uma migração na preferência de audiência nos dois últimos anos? Se o PM assistia a programação exibida na TV do trabalho por influência da coletividade? Se a tropa considera o termo PM, usado nos noticiários como depreciativo?


2.1 QUESTIONÁRIO DA PESQUISA

O questionário da pesquisa foi elaborado conforme orientações tiradas do livro Pesquisa de Mercado (RUTTER, Marina; ABREU, Sertório Augusto de. São Paulo: Ática, 2003). A primeira, das três folhas, é destinada a identificação da pesquisa, sua finalidade, a identificação do entrevistador e por último o número de identificação do questionário com local e data onde foi feita a abordagem do policial pesquisado.
Na primeira parte da segunda folha constam a identificação e qualificação do policial entrevistado. Como se pode constatar no processo de qualificação foram feitas três divisões de praças, sendo: Soldados, Cabos e Sargentos. Também se pode constatar que dentro das três divisões de categoria foram feitas duas subcategorias, são elas: Soldado Moderno (até 3 anos de serviço), Soldado Antigo (de 4 a 7 anos); Cabo Moderno (8 a 9 anos), Cabo Antigo (10 a 14 anos); Sargento Moderno (15 a 16 anos) e Sargento Antigo ( mais de 16 anos de serviço). As divisões em categorias foram feitas para acompanhar as variações de opiniões dentro das categorias na medida em que os policiais amadurecem na mesma graduação, já que leva sete anos, em média, para um PM ser promovido. Já as subcategorias, Moderno e Antigo, foram identificadas para saber se, conforme o policial é promovido na corporação, de alguma forma isso reflete na opinião quanto ao hábito de audiência. Ainda na qualificação do entrevistado, o mesmo se dá na identificação do tipo de atividade exercida pelo PM, que são caracterizadas como de Atividade Fim (operacional), ou de Atividade Meio (administrativa).
É importante ressaltar que durante a elaboração do questionário de identificação e qualificação do PM entrevistado, propositalmente, foi deixado de fora o nível de escolaridade, já que o foco da pesquisa é o segmento profissional. Como um dos pré-requisitos para ser um policial militar no Estado do Rio de Janeiro é ter concluído o segundo grau, partimos do princípio que todos os entrevistados têm no mínimo o ensino médio completo. 
Por fim, ainda dentro da segunda página foram acrescentadas, dentro de um retângulo, duas perguntas que serviriam de FILTRO, onde os pesquisados deveriam se encaixar, caso contrário não atenderiam ao perfil necessário para a coleta de dados necessários para este estudo. A primeira pergunta condicional do filtro é que no local de trabalho (unidade, refeitório, alojamento ou seção) do pesquisado tivesse algum aparelho de televisão. A segunda pergunta condicional é que o PM pesquisado assistisse, pelo menos, algum dos telejornais da tarde, mesmo com pouca freqüência.
A partir da segunda parte da segunda folha começaram a ser dispostas as perguntas do questionário, que ocupam também toda a terceira folha que encerra cada um dos 40 questionários numerados de 01 a 40. (Anexo)
Inicialmente foi feita uma pesquisa-piloto, com 10 amostras para testar o questionário. Durante esse teste nos questionários de número 01, 04 e 06, foi detectado que na pergunta fechada de número 12, os pesquisados tendiam a dar uma resposta diferente das duas opções disponíveis no questionário e sugeriram a colocação de uma terceira opção. Também durante a pesquisa-piloto, no questionário de nº 02 o entrevistado sugeriu que na destinada à identificação do Tipo de Atividade, que fosse acrescentada a palavra Técnica na opção Atividade Meio. As alterações foram adicionadas a partir do questionário de número 11 em diante.


2.2 AS PERGUNTAS


            As três primeiras questões que se encontram na segunda metade da segunda folha, numeradas como 1, 2 e 3, respectivamente, são relacionadas aos hábitos de audiência dos entrevistados no ambiente de coletividade do trabalho, ou seja, no refeitório, alojamento, recepção ou seção da unidade policial.
            A pergunta número 1: “Qual telejornal da tarde costuma ser sintonizado nas TVs da sua unidade policial? (refeitório, alojamento, recepção ou seção/coletividade)”, tem por objetivo aferir, dentro da amostragem proposta, quantos e quais são os PMs que assistem a cada um dos três telejornais que são objeto do nosso estudo.
            A pergunta número 2: “Há 2 anos, qual telejornal costumava ser sintonizado nas TVs da sua unidade policial?”, tem por objetivo, sempre dentro da amostragem proposta, avaliar se houve  alguma migração na audiência dos PMs que assistem aos telejornais, ainda no local de trabalho.
            A pergunta número 3: “Se fosse da sua responsabilidade, qual telejornal você sintonizaria nas TVs da sua unidade policial? (refeitório, alojamento, recepção ou seção/coletividade)”, foi elaborada com o objetivo de avaliar se o PM estava assistindo aquela programação, no local de trabalho, por opção ou por imposição do meio. Por se tratar de um ambiente militar onde prevalece a hierarquia e como o foco da pesquisa são as classes de graduação mais baixas, logo, os que têm menos voz ativa dentro da Corporação.
As próximas duas questões que se encontram a partir da terceira folha, numeradas como 4 e 5, respectivamente, são relacionadas aos hábitos de audiência dos entrevistados nos dias de folga. Teoricamente em casa, mas não necessariamente, já que a maioria dos policiais militares exerce atividades extras para complementação de renda, devido aos baixos salários pagos aos servidores do Estado do Rio de janeiro.
A pergunta número 4: “Atualmente qual telejornal da tarde você costuma assistir nas suas folgas?”, tem por objetivo aferir, sempre dentro da amostragem proposta, quantos e quais são os PMs que assistem a cada um dos três telejornais que são objeto do nosso estudo nos seus dias de folga.
A pergunta número 5: “Há 2 anos, qual telejornal você costumava assistir nos seus dias de folgas?”, tem por finalidade, avaliar se houve  alguma migração na audiência dos PMs que assistem aos telejornais, nos seus dias de folga. É importante ressaltar que na elaboração das perguntas para avaliar a audiência nos dias de folga, não se achou necessário questionar se o pesquisado estava assistindo a programação por opção ou imposição, já que nas suas folgas o PM dificilmente sofre qualquer tipo de coerção por parte de superiores hierárquicos.
As questões de número 6 à 11, da terceira folha, são relacionadas a subjetividade dos PMs, em relação ao modo como encaram os telejornais abordados na pesquisa. Têm por objetivo enriquecer, com dados, ou responder possíveis questionamentos ao longo deste estudo, como hostilidade e simpatia por determinado telejornal ou emissora. A abertura desta possibilidade se mostrou bastante útil e reveladora, conforme descrito mais adiante na avaliação das respostas do questionário. Um dos pontos de maior atenção foi a pergunta de número 11: “Você considera o termo PM, utilizado nos noticiários para se referir aos policiais militares, como um termo depreciativo/pejorativo?”.
As duas últimas perguntas do questionário, numeradas como 12: “Você vê no apresentador Wagner Montes a oportunidade de um porta-voz para reivindicar melhores condições de trabalho e/ou denunciar arbitrariedades na corporação?” e 13: “Você acredita que WAGNER MONTES, durante a apresentação do Balanço Geral, é autêntico ou é um personagem que ele interpreta para aquele tipo de programa?”, são o foco central da pesquisa e que vão fornecer embasamento para sustentação da conclusão deste estudo.


2.3- ENTREVISTADOS EM NÚMEROS


A pesquisa de campo se deu entre os dias 08 e 17 de novembro de 2011. Foram entrevistados Policiais Militares (PMS) de 13 unidades diferentes: 01 PM do Batalhão de Polícia de Choque (BPChoque), 01 PM do Batalhão de Botafogo (2º BPM), 18 PMs da Coordenadoria de Comunicação Social (CComSoc), 09 PMs do Batalhão de Copacabana (19º BPM), 01 PM do Comando de Polícia Pacificadora (CPP), 01 PM do Centro de Comunicação e Informática (CCI), 01 PM do Batalhão de Policiamento em Áreas Turísticas (BPTur), 01 PM do Centro de Saúde Mental, Física e Desporto (CSMFD), 03 PMs do Batalhão do Leblon (23º BPM),  01 PM do Escritório de Análises Criminais (EAC), 01 PM da 1ª Companhia Independente de Polícia Militar em Laranjeiras (1ª CIPM), 01 PM da Companhia Independente de Músicos (CIPM-Mus) e 01 PM do Grupamento Aéreo Marítimo (GAM). No total, foram entrevistado 40 Policiais Militares, sendo 35 homens e 05 mulheres.
A pesquisa foi dividida em três categorias: Soldados, Cabos e Sargentos. Essas categorias por sua vez foram divididas em duas subcategorias: Antigos e Modernos. A distribuição total da amostra pesquisada dentro das categorias e subcategorias ficou da seguinte forma: 08 Soldados, sendo 04 Soldados antigos, com quatro anos ou mais de serviços prestados à Corporação. Os outros 04 Soldados são considerados modernos, com até três anos de serviços prestados.
18 Cabos, sendo 14 Cabos antigos, com mais de 10 anos de serviços prestados e 04 Cabos modernos, com nove anos ou menos de serviço.
14 Sargentos, sendo 11 Sargentos antigos, com 17 anos de serviço ou mais. 03 Sargentos modernos, com 16 anos ou menos de serviços prestados à Corporação.
Por essa pequena amostragem pode-se perceber que a maioria dos entrevistados é composta por policiais antigos, em sua maioria Cabos e Sargentos. Fazendo uma superficial análise sobre o motivo deste fato ocorrer, podemos citar o advento das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), que concentra em sua maioria os policiais recém formados, Soldados modernos, justamente onde encontramos um de nossos pesquisados que se encaixa neste perfil.


2.4 OS RESULTADOS DA PESQUISA


            A primeira análise dos dados relativa à freqüência de audiência, mostrou que somente 21 PMs,  dos 40 entrevistados, assistem com freqüência aos telejornais da tarde. 17 dos entrevistados assistem às vezes e dois afirmaram que só assistem aos telejornais da tarde somente quando têm notícias envolvendo a Corporação. Ou seja, da amostra analisada somente, aproximadamente, 50% dos PMs têm o hábito de assistir com freqüência aos telejornais da tarde.
            Quanto à pergunta número 1: “Qual telejornal da tarde costuma ser sintonizado nas TVs da sua unidade policial? (refeitório, alojamento, recepção ou seção/coletividade)”. Os resultados foram os seguintes: 27 entrevistados responderam que assistem ao programa Balanço Geral. 12 afirmaram preferir o RJ TV, da Rede Globo, e somente um PM informou que, durante o serviço, assiste ao SBT Rio da emissora de Silvio Santos. Ou seja, a maioria, aproximadamente 71%, assiste ao programa Balanço Geral durante o serviço.
Em relação à pergunta número 2: “Há 2 anos, qual telejornal costumava ser sintonizado nas TVs da sua unidade policial?”, para avaliar se houve migração na audiência durante o serviço. Os resultados foram os seguintes: 04 PMs afirmaram que era exibido o Balanço Geral e passou a ser exibido o RJ TV. 09 afirmaram que há dois anos costumava ser exibido o RJ TV e passou a ser exibido o Balanço Geral. Somente 01 entrevistado afirmou que no seu local de trabalho passou a ser exibido o SBT RIO. 25 dos entrevistados da amostra, aproximadamente 63 %, afirmou que a audiência nos últimos dois anos permaneceu fiel às suas respectivas programações.
            Em relação à pergunta número 3: “Se fosse da sua responsabilidade, qual telejornal você sintonizaria nas TVs da sua unidade policial? (refeitório, alojamento, recepção ou seção/coletividade)”,com o objetivo de avaliar se o PM estava assistindo aquela programação, no local de trabalho, por opção ou por imposição do meio, os resultados foram os seguintes: 23 entrevistados, ou seja aproximadamente 61,5 %, responderam que continuariam assistindo a mesma programação que está sendo sintonizada. 12 Pms afirmaram que mudariam do Balanço Geral para o RJ TV. 04 responderam que deixariam de assistir o RJ TV e sintonizariam o Balanço Geral. Somente 01 entrevistado afirmou que se pudesse passaria  a assistir o SBT Rio. 
As próximas duas questões, numeradas como 4 e 5, respectivamente, são relacionadas aos hábitos de audiência dos entrevistados nos dias de folga. Teoricamente em casa, mas não necessariamente, já que a maioria dos policiais militares exerce atividades extras para complementação de renda.
Em relação à pergunta número 4: “Atualmente qual telejornal da tarde você costuma assistir nas suas folgas?”, com objetivo de aferir qual a preferência de audiência nas folgas, os resultados foram os seguintes: nenhum entrevistado afirmou que assistia ao SBT Rio nas folga. 15 PMs responderam que durante as folgas assistem ao Balanço Geral. Curiosamente 25 entrevistados, precisamente 62,5 % da amostragem, responderam que durante os dias de folga preferem assistir ao RJ TV. Ao compararmos este item da pergunta nº 4 com o da pergunta nº 1, podemos perceber que 71 % dos entrevistados declararam que assistem ao Balanço Geral nos dias de serviço e que o quadro se inverte nos dias de folga, com a maioria da amostra, 62,5 %, preferindo assistir ao RJ TV.
Em relação à pergunta número 5: “Há 2 anos, qual telejornal você costumava assistir nos seus dias de folgas?”, com a finalidade de avaliar se houve  alguma possível migração na audiência nos dias de folga, os resultados foram os seguintes: 04 entrevistados responderam que migraram do Balanço Geral para o RJ TV. 05 PMs declararam que migraram do RJ TV para o Balanço Geral. 31 entrevistados, aproximadamente 75 % da amostra, afirmaram continuar assistindo a mesma programação nos seus dias de folga, ou seja, continuaram fieis a preferência de audiência.
As questões de número 6 à 11 são relacionadas a subjetividade dos PMs, em relação ao modo como encaram os telejornais abordados na pesquisa. A abertura desta possibilidade se mostrou bastante útil e reveladora.
Em relação à pergunta número 6: “Qual telejornal da tarde você considera mais imparcial e de caráter informativo?”, os resultados foram os seguintes: 08 entrevistados responderam que consideram o Balanço Geral. 10 PMs afirmaram que acham o SBT Rio. 21 entrevistados, aproximadamente 50 % da amostragem, responderam que consideram o RJ TV mais imparcial. Somente um PM não quis opinar e escreveu no questionário que nenhum deles é imparcial.
            Em relação à pergunta número 7: “Qual telejornal você considera mais hostil para o policial militar?”, os resultados foram os seguintes: 02 PMs responderam que consideram o Balanço Geral mais hostil. 05 entrevistados responderam que consideram o SBT Rio. 33 PMs, aproximadamente 82 % da amostragem, declararam que consideram o RJ TV o telejornal mais hostil para o PM.
            Em relação à pergunta número 8: “Qual telejornal você considera mais solidário à causa do policial militar?”, os resultados foram os seguintes: Somente um entrevistado respondeu que considera o SBT Rio como sendo o mais solidário ao PM. Três declararam que consideram o RJ TV, como sendo o mais solidário ao policial. 34 entrevistados, aproximadamente 87 % da amostragem, responderam que consideram o Balanço Geral como sendo o mais solidário à causa do policial militar.
            Em relação às pergunta número 9 e 10, não se mostraram eficientes em fornecerem dados relevantes para este estudo, por este motivo deixaram de ser expostos neste capítulo por não acrescentarem informações que fossem contribuir ou prejudicar a pesquisa.
Um dos pontos de maior atenção deste trabalho foi a pergunta de número 11: “Você considera o termo PM, utilizado nos noticiários para se referir aos policiais militares, como um termo depreciativo/pejorativo?”. os resultados foram os seguintes: 28 entrevistados, aproximadamente 72 % da amostragem, responderam que “sim”, consideram o termo PM depreciativo. Somente 12 dos entrevistados responderam que “não” consideram o termo PM pejorativo. Analisando a identificação dos que responderam que “não” consideram o termo PM depreciativo, curiosamente pode-se constatar que este grupo, na maioria, se refere as mulheres e aos policiais considerados modernos. Já o grupo composto pela maioria que respondeu que “sim”, pode ser identificado como de policiais antigos e em sua grande maioria do sexo masculino. Analisando o programa Balanço Geral, veiculados nos dias 08 e 09 de novembro de 2011, pode-se constatar que o apresentador Wagner Montes evita usar o termo PM. Preferindo na maioria das vezes em que vai se reportar a notícias envolvendo policiais militares, usar os termos: policial, policiais, papa mike (sic), meu polícia (sic), policiada (sic). Pode-se constatar pelas imagens que, na maioria das vezes, Wagner somente usa o termo PM quando vai se referir à Corporação.   
As duas últimas perguntas do questionário, numeradas como 12 e 13 são o foco central deste estudo e vão fornecer dados para a sustentação da conclusão deste trabalho.
Em relação à pergunta número 12: “Você vê no apresentador Wagner Montes a oportunidade de um porta-voz para reivindicar melhores condições de trabalho e/ou denunciar arbitrariedades na corporação?”, os resultados foram os seguintes: 12 PMs responderam que “sim”. 22 entrevistados, aproximadamente 53 % da amostragem, responderam que já viram e atualmente não veem mais. 06 pesquisados responderam que “nunca” viram no apresentador um porta-voz para reivindicar melhores condições de trabalho. Neste item pode-se perceber que o apresentador, apesar de gozar da preferência de audiência dos PMs quando estão de serviço, perdeu representatividade junto à tropa.
Por fim em relação à pergunta número 13: “Você acredita que WAGNER MONTES, durante a apresentação do Balanço Geral, é autêntico ou é um personagem que ele interpreta para aquele tipo de programa?”, obteve-se um dos resultados mais surpreendentes: 35 dos entrevistados, exatamente 87,5 % da amostragem, responderam que acreditam que Wagner Montes é um personagem. Somente 05 dos entrevistados acham que o apresentador é autêntico.



3. O PROGRAMA


O programa Balanço Geral veiculado pela Rede Record de Televisão e apresentado no Estado do Rio de Janeiro por Wagner Montes, pode ser caracterizado como um telejornal com foco no noticiário policial. Para compreendermos melhor o Balanço Geral e a relação que estabelece com a comunidade policial, analisaremos o programa com foco sobre o formato de apresentação e a linguagem televisiva utilizada pelo apresentador e sua equipe de produção na disputa pela audiência.
No texto de Muniz Sodré “O globalismo como neobarbárie” o autor afirma que:

“Hoje, todavia, fica bastante claro que a linguagem/discurso cria, mais do que reflete, a realidade. Em outras palavras, não é apenas designativa, mas principalmente produtora de realidade. E a mídia ou conjunto dos meios de comunicação de que se vale fortemente a ideologia globalista é, a exemplo da velha retórica, uma técnica política de linguagem. Mais ainda: potencializada ao modo de uma antropotécnica política – quer dizer, de uma técnica formadora ou interventora na consciência humana – para requalificar a vida social, desde costumes e atitudes até crenças religiosas, em função da tecnologia e do mercado. (...) quando um grupo hegemônico obtém da sociedade a aceitação de uma ideologia, está obtendo aval semântico para uma pletora de pontos de vista, visões de mundo, articulações de senso comum e representações sociais guiados por um sentido determinado”. (SODRÉ. 2009, pág. 22)

É fato que o modelo do programa exibido pela Record Rio não é uma criação autêntica, tampouco seu apresentador, mas sim uma tentativa de reprodução da “fórmula” do já consolidado e pioneiro programa homônimo exibido no Estado da Bahia no final da década de 80, inicialmente pelo apresentador Fernando José Guimarães Rocha, popularmente conhecido como Fernando José, que era radialista e comentarista esportivo. O sucesso do programa na Bahia foi tanto que rendeu a seu apresentador, Fernando José, uma vitória expressiva nas urnas de Salvador, onde foi eleito prefeito para gestão de 1989/1993.  Atualmente o apresentador do Balanço Geral na Bahia é Raimundo Varela que também foi ex-comentarista esportivo, de onde se pode perceber que na escolha do apresentador, a emissora já busca uma identificação com o popular. Veja como o site da emissora divulga o apresentador do programa bahiano:
“Raimundo Varela foi gerente de uma fábrica de cimento, diretor de clube social na cidade baixa e jogador profissional atuando pelo Leônico e Ypiranga. Depois iniciou sua carreira no rádio como comentarista esportivo no programa "Papo de Bola". 
Ao lado de um dos maiores jornalistas que a Bahia já teve, Fernando José,  apresentou o programa " Telesporte" na TV Itapoan. Com o sucesso do programa e audiência, passou a apresentar na mesma emissora, " O Povo na TV " , em 1980.  Pouco depois, assumiu o comando do programa "Balanço Geral" na Rádio Sociedade e na TV Itapoan. Em 1990 deixou o grupo e foi trabalhar em outro veículo de comunicação em Salvador.  Em 1997 retorna à TV Itapoan e reassume o programa Balanço Geral, até hoje sob seu comando.                       
Líder de audiência, o Balanço Geral passou a ser conhecido como a "ouvidoria do povo", resolvendo problemas da comunidade e sendo o porta voz oficial das classes sociais mais carentes da Bahia.  Este é Raimundo Varela, o defensor dos interesses do povo, aos 63 anos, fazendo história no jornalismo  baiano.”             (Cf.figura 8)

 Primeiramente vamos tentar definir o que é o Programa Balanço Geral. Veja como a emissora responsável por sua veiculação no Rio de Janeiro define o programa em seu site:

“Um dos maiores sucessos da emissora: o Balanço Geral. O programa traz sempre reportagens exclusivas e denúncias dos problemas do Estado do Rio de Janeiro, como a saúde pública e a segurança da população. Ao vivo, de vários pontos da cidade, uma grande equipe de repórteres leva até você as notícias em tempo real. É prestação de serviço para a população do Rio de Janeiro.”    (Cf. http://www.recordrio.com.br/.php?p=1)


Perceba como é construída a imagem do programa tentando invocar a legitimidade do POPULAR, onde podemos notar o uso de palavras que evocam fortes valores nas classes menos favorecidas como: saúde pública e segurança da população. Também são utilizadas palavras que evocam o ASSISTENCIALISMO, como: prestação de serviço para a população. Igualmente são explorados os apelos à DRAMATIZAÇÃO das tragédias da vida real, quando são usados os termos: ao vivo e em tempo real. Nesta cuidadosa construção da imagem do programa, foram deixadas de lado palavras como: cultura e educação.
Jesús Martin-Barbero em seu livro “Dos Meios às Mediações”, cita Rousseu, onde afirma que:
“Uma sociedade moderna não é pensável, se não é constituída a partir da ‘vontade geral’ e essa vontade é por sua vez que constitui o povo como tal. (...) a invocação do povo legitima o poder da burguesia na medida exata em que essa invocação articula sua exclusão da cultura. E é nesse momento que se geram as categorias ‘do culto’ e ‘do popular’”.  (BARBERO. 2009, pág. 34)
Em abril de 2011, durante uma apresentação em sala de aula aos alunos do 7º período do curso de Comunicação Social/jornalismo da Faculdade Pinheiro Guimarães deste mesmo tema de estudo, após ser exibido um bloco do programa Balanço Geral (Cf. http://www.youtube.com/watch?v=VhUI1m0QJPA) onde o apresentador Wagner Montes faz gracejos, fingindo chorar e depois dançando, cantando e fazendo piadas, arrancando risadas da platéia por zombar da morte de três homens que, segundo a polícia, seriam traficantes de drogas ilícitas e teriam sido mortos após um confronto armado onde teriam resistido à voz de prisão dada pelos policiais militares que conduziram a ocorrência. O óbito, segundo o apresentador, é justificado pelas imagens de dois revólveres, uma granada e algumas drogas que, ainda segundo os policiais, teriam sido apreendidas com os três homens mortos. Durante seu “discurso do justiceiro” Wagner Montes menospreza o fato de que três vidas foram extintas e zomba deste ato grotesco como esses seres humanos fossem lixo e precisavam ser eliminados da sociedade. Mas todo esse clima de tensão da morte dos três elementos é constantemente alternado com gracejos e dançinhas desengonçadas, pois o apresentador sabe lançar mão da condição de ser amputado de uma das pernas e, a própria produção do programa explora tal fato quando solta uma voz em Off que diz: “Dança perneta!” e Wagner chacoalha seu corpo obeso, girando 360º e se equilibrando na perna mecânica, fazendo caras e bocas ao som do que chama de “A dança do capiroto”.
 Pedimos aos alunos que nos ajudassem a definir “o que” poderia ser o programa Balanço Geral, essas foram algumas respostas: Espetáculo, circo, feira, festa, praça pública.
            Vamos tentar entender o valor simbólico da “festa/feira”, identidade que o programa tenta adotar, como potência de produção de socialidade. No livro “O Império do Grotesco” de Muniz Sodré e Raquel Paiva, os autores afirmam que:

“No sentido trabalhado por Bakthtin, isto é, a praça como feira livre das expressões diversificadas da cultura popular (melodramas, festas de largo, danças, circo, etc.) ou como lugar de manifestação do espírito dos bairros de uma cidade, com suas pequenas alegrias e violências, grosseiras e ditos sarcásticos, onde a exibição dos altos ícones da cultura nacional confronta-se com o que diz respeito ao vulgar ou “baixo”: os costumes e gostos, às vezes exasperados, do populacho”... “Esse tipo de espaço mantém estreita ligação com a festa, antropologicamente entendida como transformação cerimonial de antigos ritos agrários, destinados a celebrar instantes significativos da vida cotidiana, como a época da colheita, a chegada da primavera, o solstício de verão, etc. A origem latina da palavra (festum, dies festus, dies festivalis, feriae) tem conotações religiosas, uma vez que provinha das designações de datas consagradas à celebração dos deuses. Feriado, festa e feira pública são termos semanticamente interligados”. “Desde as épocas mais remotas da humanidade, a festa aparece como teatro simbólico das vicissitudes identitárias do grupo, portanto, como lugar de ritualização dos conflitos em torno do controle social”. (SODRÉ. 2004. pág. 106 e 107)

Como vimos anteriormente, é fato que o modelo do programa exibido pela Record Rio não é uma criação autêntica, mas sim uma tentativa de reprodução da “fórmula” do já consolidado e pioneiro programa homônimo exibido no Estado da Bahia, de onde pudemos perceber que desde a escolha do apresentador, já se busca uma identificação com o “popular”.


3.1 – O APRESENTADOR


Agora veja como é definido o apresentador Wagner Montes pelo site oficial do programa:
“Nascido e criado no município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, o apresentador e hoje Deputado Estadual pelo PDT Wagner Montes adquiriu na infância pobre os alicerces para a construção de uma carreira sólida. Uma de suas características mais marcantes, além da solidariedade, é a disposição para o trabalho”. (Cf. figura 7)

            Perceba como é construída a imagem do apresentador tentando invocar a legitimidade do “popular”, onde podemos notar o uso de palavras que evocam fortes valores nas classes menos favorecidas como: disposição para o trabalho, solidariedade, infância pobre e nascido na Baixada Fluminense.
Vamos tentar entender a construção do apresentador/personagem Wagner Montes, que ao longo de mais de três décadas na TV agrega características que o fazem, hoje, ostentar elevados índices de popularidade, à ponto do seu bordão “Escraaacha”, tornar-se uma marca. Mas isso nem sempre foi assim, Wagner já apresentou diversos programas ligados às causas populares como o programa “Verdade do Povo”, o programa “Aqui e Agora” na extinta TV Tupi e “O Povo na TV” na TVS, hoje SBT - emissora de Silvio Santos. Antes de apresentar o “Balanço Geral”, Wagner, apresentava o “Cidade Alerta” na mesma emissora, mas estava longe de ser o atual personagem do Justiceiro que veste hoje (Cf. fig. 8), estava mais para um cover de Silvio Santos, seu “eterno mestre e padrinho” como o próprio Wagner gosta de dizer, mas o “Cidade Alerta” já gozava de grande popularidade e rendeu à Wagner Montes no ano de 2006 uma expressiva votação de 111.802 votos, sendo o Deputado estadual mais votado na cidade do Rio de Janeiro. No mesmo ano Wagner começa a apresentar o Balanço Geral, já revestido do seu atual personagem.
Ainda no livro “Dos Meios às Mediações” Jesús Martin-Barbero fala sobre a estrutura dramática e simbólica, tendo como eixo central os sentimentos básicos que são ao mesmo tempo sensações personificadas ou “vividas” por um personagem e que sem muita dificuldade podemos identificar no apresentador/personagem Wagner Montes, vamos ao texto de Barbero:

“O Justiceiro ou Protetor é o personagem que, no último momento, salva a vítima e castiga o Traidor. Vindo da epopéia, o Justiceiro tem também a figura do herói. A figura do Bobo no melodrama remete por um lado à do palhaço no circo, isto é, aquele que produz distensão e relaxamento emocional depois de um forte momento de tensão, tão necessário em um tipo de drama que mantém as sensações e os sentimentos quase sempre no limite. Mas remete por outro lado ao plebeu, o anti-herói torto e até grotesco, com sua linguagem anti-sublime e grosseira, rindo-se da correção e da retórica dos protagonistas, introduzindo a ironia de sua aparente torpeza física, sendo como é um equilibrista, e sua fala cheia de refrões e de jogos de palavras”. (BARBERO. 2009. pág. 170) 


Em 2010, revestido e legitimado pelo seu atual personagem, Wagner Montes, destacou-se como o Deputado estadual mais votado da história política do Estado do Rio de Janeiro, com 528.628 votos.






CONCLUSÃO

Atualmente a maioria dos policiais militares, aproximadamente 72 % da amostragem, quando estão de serviço, preferem assistir ao programa Balanço Geral, veiculado no Rio de Janeiro pela emissora Record e apresentado por Wagner Montes. Aproximadamente 19% dos entrevistados que assistem ao Balanço Geral declararem que revezam a audiência do programa com o Globo Esporte, durante o período do Campeonato Brasileiro. Este fato não foi levado em consideração, pois o alvo do estudo são os telejornais da tarde.
Apesar de aproximadamente 82 % da amostragem, declararam que consideram o RJ TV o telejornal mais hostil para o PM, curiosamente nos dias em que estão de folga, 25 entrevistados, precisamente 62,5 % da amostragem, declararam que preferem assistir ao RJ TV, veiculado pela Rede Globo de televisão. Ao compararmos este item da pergunta número 4 com o da pergunta número 1, podemos perceber que apesar de, quando em serviço, 72 % dos entrevistados declararem que assistem ao Balanço Geral, o quadro se inverte nos dias de folga. Como a pesquisa foi elaborada com perguntas fechadas, não foi possível analisar o motivo deste fato, permitindo somente ressaltar poucos comentários verbais de alguns PMs, do tipo: não quero levar violência pra dentro de casa. Vale ressaltar que este fato curioso pode ser objeto de um estudo mais detalhado no futuro.
Quanto a questão dos PMs verem no apresentador Wagner Montes um representante, podemos constatar que 12 dos entrevistados responderam que “sim”. Já 22 entrevistados, aproximadamente 53 % da amostragem, responderam que no passado viram e atualmente não veem mais. 06 dos pesquisados responderam que “nunca” viram no apresentador um representante para reivindicar melhores condições de trabalho. Neste item pode-se perceber que o apresentador, apesar de gozar da preferência de audiência dos PMs quando estão de serviço, perdeu representatividade junto à tropa. Se juntarmos os que deixaram de se sentirem representados com os que nunca se sentiram representados, temos aproximadamente 72 % da amostragem que não veem em Wagner Montes uma representação. Esses dados nos permitem concluir que atualmente a tropa não se sente mais representada por Wagner Montes, apesar disto já ter sido uma realidade.
No que diz respeito a Wagner Montes, enquanto apresentador do programa “Balanço Geral”, ser autêntico ou um personagem, obteve-se um dos resultados mais surpreendentes: 35 dos entrevistados, exatamente 87,5 % da amostragem, responderam que acreditam que Wagner Montes é realmente um personagem que ele interpreta para aquele tipo de programa.
Algumas questões derivadas surgiram no decorrer da elaboração do trabalho, podemos concluir que não houve uma migração na preferência de audiência nos dois últimos anos e que os entrevistados assistiam a programação exibida na TV do quartel por vontade própria, ainda que sofra influência da coletividade.
Como se sabe a tropa considera o termo PM, usado nos noticiários, como depreciativo e somente os policiais considerados modernos e as mulheres não consideram o termo PM pejorativo. Já o grupo composto pela maioria que considera o termo pejorativo, pode ser identificado como de policiais antigos e em sua grande maioria do sexo masculino. Analisados dois programas Balanço Geral, exibidos nos dias 08 e 09 de novembro de 2011, pôde-se constatar que o apresentador Wagner Montes evita usar o termo PM. Preferindo na maioria das vezes em que vai se reportar a notícias envolvendo policiais militares, usar os termos: policial, policiais, papa mike (sic), meu polícia (sic), poliçada (sic). Conclui-se também que, na maioria das vezes que Wagner Montes usa o termo PM é para se referir à Corporação e não aos policiais militares.
Portanto, desejou-se ter conseguido, mesmo que brevemente, entender e responder as questões propostas que motivaram a elaboração deste trabalho.


[1] Cf. Site do jornal O Globo.
[2] Cf Site da PMERJ.
[3] Fonte, Apostila História da PMERJ do Curso de Formação de Praças de 1998.

[4] Cf. figura 2 e 3.


sábado, 22 de setembro de 2012

TECNOCULTURA, o que fazer ?




TECNOCULTURA, o que fazer ?

Tecnológicas pretéritas - podemos citar algumas como o PC, a TV, o Fax e o rádio - geraram uma ebulição e até certo desconforto no Status Quo de suas respectivas épocas. Essas “novas” tecnologias pretéritas chegaram, algumas, para ocupar uma lacuna no mercado e outras chegaram sobrepujando e exterminando outras já existentes, como no caso dos PCs que basicamente extinguiram as máquinas de escrever e o próprio fax que anteriormente tinha exterminado o telex. Encarando a comunicação como principal meio de transmissão de informação e conhecimento, logo uma ferramenta de poder no processo cultural e do condicionamento sociológico, vou me centrar nos dois exemplos de meios de comunicação de massa, a TV e o rádio. Ambos permitiram a agilidade na difusão da informação, a interatividade não participativa (unificação da mensagem) entre os públicos e, o rádio, certa mobilidade. Mas essas “maravilhosas” ferramentas de comunicação com as massas ainda tinham dois problemas. Ambas pertenciam às classes economicamente dominantes e só permitiam a comunicação de mão única. Ou seja, o intermediador difundia somente seus interesses.
Com o advento da internet e a massificação da rede mundial de computadores passamos a presenciar, segundo Pierre Lévy, o maior fenômeno sociológico dos últimos séculos. Agora, estamos tendo a oportunidade de vivenciar a ebulição e o desconforto no Status Quo de nossa época. Essa nova tecnologia, por que não chamar de nova mídia, que chega para ocupar sua lacuna no mercado mundial, sobrepujando e exterminando outras, permitindo mobilidade e a tão sonhada interatividade participativa e tudo isso de maneira relativamente barata, deixando de ser uma ferramenta exclusiva das classes dominantes. Para ilustrar, posso citar o exemplo do Twitter do jovem Renê Silva. Morador do Complexo do Alemão, Renê se tornou, da noite para o dia, uma celebridade “Global” e porta voz da sociedade, trazendo notícias diretamente de dentro da área conflagrada durante os oito dias de operação policial para a retomada daquela região. Hoje, com a franca e galopante expansão das variadas redes sociais, podemos perceber um processo democrático de comunicação e geração de informação que se tornou uma verdadeira “Pandemia Desintermedidora”, segundo o Doutor Carlos Nepomuceno, professor do Instituto de Gestão Estratégica da Comunicação - IGEC. Graças aos avanços da ciência e com menos conflitos bélicos de proporções mundiais, a população do planeta atingiu a assustadora quantia de 7 bilhões de indivíduos. Uma boa ilustração para esta realidade pode ser conseguida no vídeo “200 anos, 200 países”, postado no You Tube.

            A questão é: Com a crescente onda da pandemia desintermediadora, qualquer pessoa com acesso à Web pode compartilhar conteúdo na rede, podendo beneficiar ou causar sérios danos à pessoas ou instituições. Daí surge a necessidade de especialistas ou instituições com legitimidade representativa perante a sociedade para reintermediarem os atuais processos de comunicação. Processo semelhante só foi experimentado, anteriormente na nossa História, com a popularização da escrita, através dos tipos móveis de Gutenberg. É urgente que as grandes Corporações, tanto do setor público bem como do privado, atentem para este fato e preparem ou contratem profissionais especializados nesta tendência da TECNOCULTURA, que se acompanhada de perto pode ser usada para fins favoráveis às instituições. Mas se não tratada com o devido e merecido respeito pode se tornar um monstro voraz com potencial efeito destruidor, de proporções incontroláveis e irreversíveis, para a imagem das instituições e seus produtos e/ou serviços.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Mais um desafio vencido

Vídeo mostra mais uma missão cumprida pela Polícia Militar, durante o policiamento de grandes eventos: a RIO+20. Texto de Rogério Campos Rocha.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

20 anos do PROERD


20 anos do PROERD

Para comemorar os 20 anos de criação do PROERD -Programa Educacional de Resistência às Drogas- a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, realiza entre os dias 27, 28 e 29 de agosto o “I Encontro Técnico Internacional do PROERD”. A abertura das comemorações foi durante um welcome coffee, na manhã do dia 27, no Teatro Carlos Gomes, no centro do Rio. As Polícias Militares de todo o Brasil enviaram delegações de “proerdianos” dos seus respectivos Estados. São aproximados 160 PMs que ao longo desses três dias vão participar de atividades culturais e técnicas ligadas a questão de polícia de proximidade, com participação de palestrantes e pesquisadores nacionais e internacionais. Compareceu a cerimônia de abertura o Secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, o Comandante-Geral da PM, Coronel Costa Filho e a Coronel Kátia Nery Boaventura, Chefe do GCG. Um dos momentos memoráveis foi a apresentação da Banda Sinfônica da PMERJ, sob a maestria do Capitão PM Músico Ronaldo Almeida, que executou ‘Aquarela do Brasil’, de João Gilberto, acompanhada pelo Coral da Escola Municipal Tasso da Silveira, palco da ‘tragédia de realengo’. Outro momento marcante foi o discurso da Major Patrícia Serra, Coordenadora Estadual do PROERD, que, muito emocionada, fez o lançamento da “Revista PROERD 20 anos”.

Mas o Encontro também teve seus momentos lúdicos, como a apresentação de teatro de fantoches e da peça teatral: ‘Fuja do Zé Tristeza’. Os participantes do Encontro farão uma visita às Unidades de Polícia Pacificadoras do Santa Marta, da Cidade de Deus, do Andaraí e do Salgueiro. O Programa Educacional de Resistência às Drogas, PROERD, é fruto de um esforço mútuo entre a Polícia Militar, as Escolas e familiares dos alunos que participam do programa e visa, através de atividades educacionais em sala de aula, prevenir o uso de drogas e a prática de atos de violência entre estudantes do Ensino Fundamental. Para o Secretário de Segurança “o PROERD é a tropa de elite da prevenção ao uso de drogas”.